O Ministério da Saúde divulgou ontem que 5,6% da população brasileira adulta declararam ser diabéticos e que a doença atinge mais mulheres (6%) do que homens (5,2%).
Os índices são ligeiramente menores do que os registrados em 2010. Mas o ministro Alexandre Padilha disse que a queda, do ponto de vista estatístico, é irrelevante e, no caso dos homens, haveria uma tendência de elevação.
Segundo ele, qualquer análise da evolução de diabetes no Brasil deve levar em conta um período mais longo, desde 2006, quando o ministério começou a fazer o levantamento anual por meio de entrevistas telefônicas, o Vigitel. Naquele ano, o índice de maiores de idade que declararam ter a doença foi de 5,2%.
— Em saúde, a gente não comemora números. A gente constata e trabalha para reduzir cada vez mais. Isso (queda do índice em 2011) não tem diferença estatisticamente significativa para nós. A tendência é preocupante — afirmou Padilha.
Nada menos do que 54.542 pessoas perderam a vida no Brasil, em 2010, por causa de diabetes, conforme o Ministério da Saúde. O número supera as 52.104 vítimas fatais de 2009.
O levantamento mostra que a doença atinge níveis mais elevados entre aqueles que têm menos escolaridade.
Na faixa de 0 a 8 anos de estudo - ensino fundamental incompleto -, 7,5% dos brasileiros com 18 anos ou mais disseram já ter sido diagnosticados com diabetes.
O percentual cai para 3,3%, na faixa de 9 a 11 anos de estudo (ensino fundamental completo), e 3,7%, na de mais de 12 anos (quem concluiu pelo menos o ensino médio).
O Rio de Janeiro aparece como a quarta capital com maior índice de diabéticos: 6,2%. Em primeiro, está Fortaleza, com 7,3%, seguida por Vitória (7,1%) e Porto Alegre (6,3%). O melhor resultado foi o de Palmas (TO), com 2,7%.
Embora a taxa de mortalidade decorrente de diabetes continue subindo, ela vem perdendo fôlego, de acordo com o ministério. De 2008 a 2010, ela cresceu 7,5%, o que corresponde a menos da metade dos 16% de incremento no período de 2005 a 2007.
Padilha destacou que o número de internações hospitalares decorrentes de diabetes caiu para 145 mil em 2011, o que significa 3 mil pacientes a menos do que em 2010. Para o ministro, a redução de internações é reflexo da distribuição gratuita de remédios no programa Farmácia Popular, o que ajudaria a controlar a doença.
— Ampliar o aceso aos medicamentos e a decisão de colocar remédios de graça ajuda a reverter a tendência de internação — afirmou ele.
A diretora de Análise de Situação em Saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta, apresentou os dados da pesquisa. Segundo ela, o quadro nacional é de estabilidade, seja em relação à população total acima de 18 anos ou entre as mulheres.
Já entre os homens, a situação é de aumento da incidência: em 2006, 4,4% declararam-se portadores da doença, ante 5,2% em 2011. No mesmo período, o percentual da doença entre mulheres variou de 5,9% para 6%.
Deborah lembra que o governo lançou um plano nacional, no ano passado, para reduzir em 2% ao ano a mortalidade por doenças não-transmissíveis — diabetes, câncer e doenças cardiovasculares e respiratórias.
Fazem parte das ações a construção de academias públicas de ginástica, com o intuito de combater o sedentarismo, e acordos com a indústria de alimentos para reduzir a quantidade de sal e sódio na comida.
Ainda assim, segundo ela, o crescimento do número de brasileiros acima do peso — de 43% para 49% da população, entre 2006 e 2011 — não permite previsões otimistas:
— O esperado é que o número de casos aumente — disse Deborah.
Entre os idosos com mais de 65 anos, 21,6% sofrem de diabetes. Esse índice cai para 0,6% entre a população de 18 a 24 anos.
O Ministério da Saúde pretende realizar em 2013 um levantamento nacional, com coleta de sangue, para estimar quantos diabéticos, de fato, há no país.
Os dados divulgados ontem têm origem no Vigitel, sigla para Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefonônico.
O Vigitel consiste em entrevistas por telefone, em domícilios que tenham linha fixa, nas 27 capitais do país.
Uma fórmula estatística é usada para extrapolar o dado das capitais para o conjunto do país, o que certamente dá origem a imprecisões.
São feitas 2 mil entrevistas por capital, totalizando 54 mil ligações.
O entrevistador pergunta se a pessoa já recebeu diagnóstico médico de diabetes. O levantamento mostrou que 22,7% da população sofrem de hipertensão.
FONTE: O GLOBO
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