terça-feira, 8 de maio de 2012

SEM VACINA IDEAL, AIDS DEVE SE TORNAR UMA DOENÇA CRÔNICA


Desde a descoberta do HIV, em 1981, a aids vem sendo combatida em duas frentes: a criação de medicamentos antirretrovirais capazes de inibir a reprodução do vírus e o desenvolvimento de vacinas que possam prevenir e, quem sabe, curar a doença.
A primeira frente tem sido bem-sucedida, apesar das limitações naturais dessa forma de terapia. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que, em 2009, 33,3 milhões de pessoas ao redor do mundo viviam com o vírus HIV, e as mortes por aids, naquele ano, atingiram 1,8 milhão de portadores da doença — 1,1 milhão a menos que em 2000. No último dia 12 de outubro, um estudo publicado no periódico British Medical Journal revelou que a expectativa de vida entre pacientes ingleses com HIV, no período de 1996 a 2008, aumentou em 15 anos. O resultado positivo deve-se muito ao fato de os pacientes ingleses, assim como os brasileiros, terem amplo acesso aos antirretrovirais.
Na segunda frente, a das vacinas, sempre houve pouco o que comemorar. Ao longo do tempo, várias vacinas foram testadas. "Mas ou não funcionaram, ou protegeram muito pouco", afirma Esper Kallás, médico infectologista e coordenador do comitê de retroviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia. A baixa proteção caracterizou os resultados da vacina RV 144, testada na Tailândia e cujos dados foram divulgados no final do ano de 2009. Após chegar à terceira fase de testes (o que tornou o estudo o mais extenso já feito), o estudo conseguiu proteger 26% dos voluntários de uma infecção, porcentagem considerada baixa.
"Não vale a pena investir em uma vacina que protege nessa proporção. Embora 26% de proteção pudesse ser capaz de ajudar a situação na África, por exemplo, ainda existem medidas preventivas muito mais eficazes, como a circuncisão", afirma o infectologista e professor da Escola Paulista de Medicina, Ricardo Shobbie Diaz. Em julho de 2011, um estudo apresentado em conferência internacional sobre a aids, em Roma, revelou que essa cirurgia pode diminuir o risco de infecção de HIV em até 76%.
Esperança renovada — Após a última decepção, quase dois anos se passaram até que a comunidade médica voltasse a vibrar com uma nova pesquisa sobre vacina. Em setembro, o Conselho Superior de Pesquisa Científica da Espanha (CSCI) anunciou os resultados promissores da primeira ase clínica de testes de uma nova vacina em estudo publicado nos periódicos Vaccine Journal of Virology.

Diferentemente da vacina testada na Tailândia, estudada somente para a prevenção da aids, os testes espanhóis também buscam dar uma função terapêutica à vacina — ou seja, pretendem usá-la para curar a doença. Os testes, feitos em pacientes saudáveis, demonstraram que 90% dos voluntários, após receberem a vacina, tiveram uma resposta imunológica eficaz. O próximo passo, segundo os cientistas, será testar a substância em pacientes infectados pelo vírus. "Provavelmente essa vacina, se os estudos avançarem, passará a ser usada para fins terapêuticos, e não na prevenção", afirma Diaz.

O homem que se livrou HIV

No fim do ano de 2010, o mundo conheceu a história do americano Timothy Ray Brown, até então infectado pelo vírus HIV e que, depois de se submeter a um transplante de medula, deixou de apresentar o vírus no sangue. A notícia chamou a atenção de todos, mas logo ficou claro que se tratava de um caso extremamente particular e, infelizmente, ainda não acessível para todos.
Além de aids, Brown tinha leucemia, e foi por causa desta doença que o transplante foi realizado. O médico Gero Huetter selecionou um doador que, além de compatível com Brown, apresentava uma mutação do CCR5, que é a proteína que permite a entrada HIV nas células de defesa do nosso organismo. Sem ela, não há como o vírus infectar uma pessoa.
Três anos após o procedimento, Brown deixou de apresentar o vírus no sangue, sem mesmo utilizar o coquetel antirretroviral. Porém, os médicos ainda não consideram transplante de medula em pacientes soropositivos uma vez que vez que o procedimento é muito arriscado.
FONTE: VEJA


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