A aposentada Ana Lúcia Guimarães, moradora de Niterói (região metropolitana do Rio) revelou nesta semana que convive há mais de 30 anos com uma agulha cirúrgica atravessada na garganta. Apesar de inusitados, casos assim não são raros no Rio. A reportagem do R7 foi até o Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio, para descobrir quais objetos já foram encontrados em corpos de pacientes. Moedas e baterias de relógios são exemplos frequentes, porém dentaduras, escova de dente e até um garfo fazem parte da coleção de Walter Sedlacek, chefe do setor de otorrinolaringologia da unidade.
Só no primeiro semestre deste ano, foram registrados 5.557 atendimentos do tipo, a maior parte dos casos em crianças, que engolem as peças ou permitem a entrada pelo nariz ou orelha. Os elementos resgatados são guardados em saquinhos e ficam expostos em um mural no hospital. Segundo Sedlacek, a prática serve para mostrar a eficácia do serviço prestado por sua equipe.
— Tiramos quase tudo com endoscopia [procedimento em que um gancho é introduzido com o auxílio de uma câmera]. Raramente precisamos de cirurgia. Temos essa coleção para mostrar que na enorme maioria das vezes a nossa intervenção dá certo.
Entre centenas de objetos à mostra, um garfo de metal chama a atenção. Ele foi parar no esôfago de um rapaz de 17 anos que tentava forçar o vômito para emagrecer.
— Quando o menino colocou o garfo na garganta, o reflexo da deglutição foi ativado e ele engoliu. Por sorte, não sofreu perfuração no esôfago.
Uma escova de dente foi ingerida por uma mulher em circunstâncias semelhantes. Outra peça que se destaca pelo tamanho no mural é um colar de bolinhas, que chegou ao hospital enganchado na garganta de uma criança.
Moedas são constantemente retiradas, assim como pedaços de próteses dentárias.
— Prótese é um capitulo à parte. Eles normalmente engolem dormindo ou durante ataques epiléticos. Se a sua prótese está quebrada ou um pouco solta, o ideal é trocar o quanto antes. Outro item muito perigoso são baterias, daquelas de relógio. As crianças colocam aquilo na boca com muita facilidade. As baterias soltam substâncias químicas que corroem o organismo.
Ossos de galinha e espinhas do peixe também levam muitos pacientes ao hospital. Os casos se agravam quando o esôfago é perfurado, provocando infecções. O maior risco, no entanto, ocorre quando a traqueia ou a laringe ficam entupidas e a respiração é bloqueada, o que pode levar à morte em 15 ou 20 minutos.
Sedlacek lamenta ao lembrar de um paciente que deu entrada no hospital, há cerca de sete anos, com um caroço de jambo entalado há 12 dias na garganta. Apesar de a equipe médica conseguir retirar o elemento em uma cirurgia, o homem morreu em decorrência de complicações do engasgo.
- A pressa é importante. Muitas vezes as pessoas ficam esperando para ver se conseguem engolir. Mas isso é perda de tempo. A qualquer hora do dia nossa equipe está pronta para atendimentos assim.
De acordo com as estatísticas do hospital, caiu nos últimos anos a incidência de casos de caroços de feijão encontrados em ouvidos de crianças. Mas os médicos ainda recebem com frequência pacientes que tentam coçar a orelha com palito ou algo parecido e perdem o objeto lá dentro.
O pingente em forma de coroa foi ingerido por uma criança, que precisou passar por uma endoscopia para a retirada do elemento.
Só no primeiro semestre deste ano, foram registrados 5.557 atendimentos na unidade para a retirada de peças engolidas ou que entraram pelo nariz ou ouvido dos pacientes. Neste caso, um homem, em uma brincadeira, colocou um parafuso no nariz e precisou procurar o hospital para remover a peça
FONTE: R7
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