A Esclerose Múltipla é uma das doenças mais comuns em adultos jovens que compromete o SNC (Sistema Nervoso Central) constituído por cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal. De causa ainda desconhecida, foi descrita, inicialmente, em 1868, pelo neurologista francês Jean Martin Charcot, que a denominou "Esclerose em Placas", descrevendo áreas circunscritas endurecidas que encontrou (em autópsia) disseminada pelo SNC de pacientes. É caracterizada também como doença desmielinizante, pois lesa a mielina, prejudicando a neurotransmissão. A mielina é um complexo de camadas lipoproteicas que envolvem e isolam as fibras nervosas (axônios), permitindo que os nervos transmitam seus impulsos rapidamente, ajudando na condução das mensagens que controlam todas as atividades conscientes e inconscientes do organismo.
Na Esclerose Múltipla, a perda de mielina (desmielinização) leva a interferência na transmissão dos impulsos e isto produz os diversos sintomas da doença. É importante atentarmos que a mielina esta presente em todo sistema nervoso central, por isto qualquer região do mesmo pode ser acometida e o tipo de sintoma esta diretamente relacionada.
Os axônios sofrem danos variáveis, em conseqüência do processo inflamatório, o que culmina com o decorrer do tempo com acúmulo de incapacitações neurológicas. Os pontos de inflamação, desmielinização, evoluem para resolução com formação de cicatriz. Esta não apresenta a mesma função do tecido original (é a placa, esclerose significa cicatriz), mas é a forma que o organismo lança mão para curar a inflamação, só que com isto perdemos função tecidual (“a cicatriz como testemunha”) que aparecem em diferentes momentos e zonas do sistema nervoso central.
Os pacientes podem se recuperar clinicamente total ou parcialmente dos ataques individuais de desmielinização, produzindo-se o curso clássico da doença, ou seja, surtos e remissões.
Os dados obtidos em pesquisas realizadas e atualmente disponíveis podem oferecer o diagnóstico clínico e laboratorial, mas ainda em alguns casos podem ser insuficientes para definir de imediato se a pessoa é ou não portadora de esclerose múltipla, uma vez que os sintomas se assemelham a outros tipos de doenças neurológicas. Nestes casos a confirmação diagnostica pode levar mais tempo.
Apesar de não existir a cura ate o momento para a Esclerose Múltipla, muito pode ser feito para ajudar as pessoas portadoras de Esclerose Múltipla a serem independentes e a terem uma vida confortável e produtiva.
Denomina-se ESCLEROSE e Denomina-se MÚLTIPLA:
•Áreas do cérebro cerebelo, tronco encefálico e da medula espinhal são afetadas pela inflamação e posterior aparecimento de cicatrizes (escleroses).
• Os sintomas podem ser leves, moderados ou intensos e surgem e de maneira imprevisível.
CAUSAS:
CAUSAS:
Até o momento a causa é desconhecida. Nas pesquisas, amplos esforços são dirigidos ao estudo do indivíduo portador, como também do ambiente onde vive. A deterioração da mielina é provavelmente mediada pelo sistema imunológico em indivíduos geneticamente predispostos, o que resulta em um ataque maciço ao próprio tecido nervoso, isto é, uma resposta auto-imune. Ainda não foi identificado um antígeno específico.
Uma teoria defendida por pesquisadores é a de que o desencadeante responsável é um vírus e neste caso que o sistema imunológico interpreta uma parte da proteína mielínica como sendo um vírus de estrutura similar e a destrói (mimetismo molecular).
SINTOMAS:
Não existe um padrão definido como o ideal para a EM. Cada paciente possui o seu tipo peculiar de manifestação da doença e cada pessoa com EM terá o seu conjunto de sinais e sintomas. Estes sintomas podem mudar ao longo do tempo. Mas os sintomas se correlacionam com o comprometimento da mielina e ou axônios e varia de acordo com a área/ ou via acometida.
Os tipos mais apresentados no indivíduo com EM são:
Alterações fonoaudiológicas
Pode surgir no inicio da doença ou no decorrer dos anos alterações ligadas a fala e deglutição com sintomas: fala lentificada, palavras arrastadas, voz trêmula, disartrias, fala escandida e disfagias (dificuldade para engolir: líquidos, pastosos, sólidos).
Pode surgir no inicio da doença ou no decorrer dos anos alterações ligadas a fala e deglutição com sintomas: fala lentificada, palavras arrastadas, voz trêmula, disartrias, fala escandida e disfagias (dificuldade para engolir: líquidos, pastosos, sólidos).
Fadiga
Sintoma debilitante de instalação imprevisível ou desproporcionado em relação à atividade realizada, a fadiga é um dos sintomas mais comuns e um dos mais incapacitantes da EM. Manifesta-se por um cansaço intenso e momentaneamente incapacitante para realizar uma atividade desejada. Muito comum quando o paciente se expõe ao calor ou quando faz um esforço físico desenvolver um trabalho ou uma sensação abrangente de falta de energia, corporal ou sistêmica.
Transtornos cognitivos
O paciente pode apresentar sintomas cognitivos, ou seja; de memória, durante qualquer momento da doença, e independe da presença de sintomas físicos/motores. Funções cognitivas mais freqüentemente comprometidas são no processamento da memória e na execução das tarefas. Os indivíduos se queixam muito que levam mais tempo para memorizar as tarefas e possuem mais dificuldades para executar as mesmas.
Transtornos emocionais
Estes sintomas podem estar presentes e serem reacionais as mudanças que podem fazer a pessoa em sua vida de maneira súbita ou mesmo secundário às lesões do sistema nervoso central. Assim, pode haver sintomas depressivos, ansiosos, transtorno de humor, irritabilidade, flutuação entre depressão e mania ( transtorno bipolar)
Outros sintomas que podem ser apresentados
Problemas de bexiga e intestinais
Incluem a necessidade de urinar com freqüência e/ou urgência (quando vontade de urinar necessidade de urgentemente ir ao banheiro, por não conseguir segurar por muito tempo, assim como esvaziamento incompleto, retenção urinária). Os problemas intestinais incluem constipação intestinal e urgência fecal.
Incluem a necessidade de urinar com freqüência e/ou urgência (quando vontade de urinar necessidade de urgentemente ir ao banheiro, por não conseguir segurar por muito tempo, assim como esvaziamento incompleto, retenção urinária). Os problemas intestinais incluem constipação intestinal e urgência fecal.
Transtornos visuais:
Problemas de equilíbrio e coordenação:
Espasticidade
- Não existe duas pessoas que tenham exatamente os mesmos sintomas, e os sintomas de cada pessoa pode mudar ao longo do tempo. Uma pessoa pode experimentar somente um dos possíveis sintomas, enquanto outras pessoas experienciam muito mais. A maioria destes sintomas podem ser gerenciados de forma muito eficaz com medicação, reabilitação e outras estratégias de gestão.
COMO É DIAGNOSTICADA
Os sintomas podem ser brandos ou pouco perceptíveis, o que faz com que a pessoa sequer procure o médico, ou seja, pouco valorizado inicialmente.
Outras doenças do sistema nervoso podem provocar sintomas similares aos da Esclerose Múltipla dificultando o diagnóstico.
O profissional mais indicado para diagnosticar a EM é o neurologista. O diagnóstico deve estar baseado em uma história sugestiva onde sintomas aparecem dentro de um tempo e espaço (isto significa que dentro do raciocínio médico consegue-se detectar regiões diferentes do sistema nervoso acometido com o decorrer do tempo), além de um exame neurológico bem detalhado.
Após a hipótese deve ser o indivíduo submetido a exames complementares comprobatórios.
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Os exames solicitados pelo médico neurologista para auxiliar no diagnóstico são: | |
![]() | Ressonância Magnética de crânio e coluna em niveis cervical,toracico ,lombar ( em alguns casos ) |
![]() | Líquor onde o fluido que banha o SNC é retirado para exame |
![]() | Potencial evocado que mede a condução nervosa no seu trajeto visual, auditivo, motor e sensorial) COMO É TRATADA
Embora sem cura no momento, os tratamentos oferecidos buscam reduzir a atividade inflamatória e os surtos ao longo dos anos contribuindo para a redução do acúmulo de incapacidade durante a vida do indivíduo.
Além do foco na doença, tratar os sintomas como os urinários, fadiga é muito importante para qualidade de vida do paciente.
A neuroreabilitação é importante juntamente com o tratamento medicamentoso no tratamento dos sintomas, na adaptação e recuperação quando possível e prevenção ao longo do tempo de complicações como as deformidades ósseas.
Hoje existe indicação de medicamentos que visam reduzir a atividade inflamatória e a agressão à mielina, com diminuição dos surtos, em intensidade e freqüência, contribuindo assim na redução do ganho de incapacidade ao longo dos anos. São as abordagens denominadas modificadoras da evolução da doença, os imunomoduladores.
O emprego de imunosupressores também tem ocupado lugar de relevo no tratamento da EM. Entre eles destacam-se a azatioprina, a ciclosfosfamida, o mitoxantrone, o metotrexato e a ciclosporina.
A prednisona ou outros corticóides podem ser empregados por via oral. Com resultados razoavelmente bons, temos a pulsoterapia venosa pela metilprednisolona.
A partir da década de 90, os interferons juntamente com o acetato de glatiramer, passaram a ser utilizados no tratamento da EM para reduzir os surtos e estabilizar a doença ao longo dos tempos apesar de não ser a cura. No Brasil estes medicamentos são distribuidos gratuitamente pelo governo através de farmácias de dispensação de alto custo ou em centros públicos de referência do tratamento da EM mediante relatório médico que confirme a existência da doença.
O interferon beta 1 a é administrado por via subcutânea 3 vezes na semana (rebif 22mcg ou 44mcg) ou intramuscular 1 vez por semana (Avonex 30mcg). O interferon beta 1 b é administrato subcutâneo em dia alternados (Betaferon 8000UI).
O acetato de glatiramer deve ser empregado subcutâneo diariamente (Copaxone 20mg)
No uso dos inteferons deve se ter um monitoramento de perto da função hepática. .Em caso de alteração deve ser avaliado a descontinuação de seu uso pelo médico.
Sintomas muito comuns no inicio do uso destas medicações são: dores de cabeça, dores musculares, febre, fadiga, agravamento de sintomas anteriores; isto é transitório na maioria dos casos e podem ser amenizados iniciando-se com doses menores, utilizando-se analgésicos pré-administração, deixando as aplicações como a última atividade do dia; mas é claro, o mais importante, siga as orientações do seu médico assistente.
Tratamento de Recidivas Agudas
Uma melhora natural de exacerbações agudas ocorre freqüentemente num prazo de 4 a 12 semanas. O grau de melhora varia e, provavelmente, se deve à regressão da inflamação. Para recorrências agudas, a maioria dos neurologistas prescreve altas doses de corticosteróide intravenoso, como metilprednisolona (solumedrol) por 3 a 5 dias. Essa série pode ser seguida de uma dose oral gradualmente decrescente de corticosteróide (p.ex.: prednisona). Corticosteróides orais também podem ser empregados para tratar uma recidiva branda ou moderada. Efeitos colaterais, causados pelo uso prolongado dos corticosteróides (osteoporose, hipertensão arterial, catarata, perda muscular), geralmente não ocorrem com o uso por curto prazo. Entretanto, pode haver efeitos colaterais como alterações do humor, desconforto epigástrico, micção freqüente e visão embaçada.
Tratamento Sintomático
Medicamentos utilizados na Esclerose Múltipla devem ser indicados pelo médico neurologista que vai analisar cada caso. Aliado ao tratamento medicamentoso, o tratamento reabilitacional é benéfico para reduzir a espasticidade, espasmo, fadiga, depressão entre outros sintomas.
Novas Medicações
- Anticorpos monoclonais:
Um grupo medicamentoso muito utilizado em reumatologia e oncologia. Atualmente, muitas substâncias vêm sendo testadas para esclerose múltipla, estudos multicêntricos, pelo mundo, fases finais de estudo; rituximab, alemtazumab, daclizumab.
No mercado já esta disponível o natalizumabe (tysabri), a primeira produzida especificamente para esclerose múltipla, cuja indicação é para doença grave, de evolução rápida, refratária a outras terapêuticas. Age na atividade inflamatória, reduzindo surtos e as incapacitações.
- Medicações vias orais:
Fingolimod, cladribina, laquinomod, teriflunomide, fumarato. A primeira já aprovada pelo FDA ( o similar da ANVISA americano), deve chegar em nosso mercado no próximo ano e a segunda em vias de final de aprovação.
Todas com indicação para minimizar surtos quanto freqüência, taxa anual e concomitante Acúmulo de inacapacitações; porém, muitas perguntas ainda precisam ser respondidas: quantos efeitos adversos em longo prazo, efeito preventivo, reparador, neuroprotetor, comparativo com tratamentos atuais.
- Transplante autólogo de células tronco:
Ainda é um protocolo de pesquisa e indicado na refratariedade terapêutica, a maioria dos trabalhos mostrem uma estabilização clínica, mas não uma melhora objetiva; precisa-se de estudos mais longos para uma melhor conclusão e responder algumas questões principalmente manutenção de eficácia a longo prazo.
QUEM PODE DESENVOLVER
No Brasil a prevalência é em média de 18/100.000 pessoas. Quanto mais distante da linha do equador, ou seja, maior latitude, maior a prevalência.
No Canadá, por exemplo, em média 135 / 100.000 habitantes.
É uma doença que acomete adultos jovens, principalmente mulheres na proporção 2:1, e hoje já se vê trabalhos referindo 3: 1 em relação aos homens. Mais comum em caucasianos, do que em outros grupos raciais.
Idade de maior adoecimento entre 20 e 50 anos, mas hoje já se faz cada vez mais o diagnóstico em idades inferiores inclusive adolescentes e crianças. Acima dos 50 anos também há casos de inicio da doença descritos.
TIPOS DE ESCLEROSE MÚLTIPLA
A Esclerose Múltipla pode se manifestar:
1. Evolui em surtos cujos sintomas ocorrem de maneira súbita com posterior recuperação parcial ou total dos mesmos, neste caso chamada Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR) ou surto remissão.
2. Evolui sem surtos, mas com sintomas progressivos acumulados ao longo do tempo, neste caso chamada Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EM PP).
3. Evolui com sintomas lentos e progressivos com o tempo em indivíduos que possuem a forma remitente recorrente inicialmente EMRR pode evoluir com ganho de sintomas sem surto em geral após 20 anos de doença pode ser observado e aqui chamado de Esclerose Múltipla Secundaria Progressiva.
A forma mais comum de esclerose múltipla é a recorrente-remitente (quando os surtos podem deixar sequelas ou não).
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FONTE: ABEM.ORG
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